Você pode ouvir este conteúdo clicando no player abaixo:
Todo bom professor é aquele que sabe que ensinar não é simplesmente passar conteúdos e ser um replicador de informações. O ensino para acontecer de forma eficaz e significativa, deve vir com mediação, cumplicidade, autonomia, confiança e emoção.
Essas cinco palavras, mediação, cumplicidade, autonomia, confiança e emoção devem ser consideradas “mantras” de sucesso, assim como “palavras” mágicas verbalizadas em qualquer feitiço, proclamado por nós, bruxos professores.
Brincadeiras à parte, saliento o que é dever do professor pensar que em todo bom ensino, a relação entre ele e seus alunos precisam vir a partir dessas cinco ações. Somente assim, o ensino será significativo e eficaz.
Primeiro, permitam-me conceituar o que é um ensino significativo. Para mim, o ensino significativo é aquele acontece e toca profundamente o aluno, a ponto de deixá-lo envolver por metodologias e técnicas mediadas pelo professor e que fica marcado no coração e na mente do estudante. Além disso, o aluno compreende o sentido e os motivos do porque ele está aprendendo. A figura abaixo ilustra o efeito do ensino significativo no aluno.
É por esta relação que o ensino se transforma, torna-se mais significativo. É compreendido como um motor que impulsiona o olhar do estudante e os faz ter confiança no que o professor diz e ensina.
O professor é exemplo, por isso, todavia, a necessidade de potencializar sentimentos positivos em sala de aula. Jean-Paul Sartre, crítico e filósofo francês, destaca que sentimos o que sentimos, temos nossas emoções, porque é pela experiência do dia a dia, do vivido, que aprendemos e demonstramos afetos.
Sartre vai dizer que a emoção é um acidente, ou seja, está ali e, de uma hora para a outra, esbarramos nela e temos uma consequência.
Diante disso, ao pensarmos nossas ações como docente, como estamos em nossas aulas? Estabelecemos uma relação afetiva com os nossos alunos? É uma construção significativa de aprendizagem? Eu sei aproveitar os sentimentos que proporciono neles?
É aí que quero chegar com o uso das memórias afetivas para um ensino significativo e eficaz.
Memórias afetivas como metodologia de ensino
Memórias afetivas são aquelas que ao recordar são compostas por sentimentos, pulsões e mexem com nossas emoções. Podemos rir, chorar, sentir um aperto no peito, uma saudade e até mesmo melancolia e raiva.
São histórias que fazem parte do nosso contexto e que de vez em quando são necessárias recordar. Toda memória afetiva é uma narrativa repleta de emoções. E se há emoção, consequentemente encanta quem conta e escuta.
Por isso, defendo o uso de memórias afetivas para o ensino significativo. É necessário ensinar nossos alunos, “tocando” o coração. Não se deve mais, somente, construir uma aula em que apenas os canais da visão e da audição sejam tocados. É preciso ir além! É preciso chegar no coração.
Todo o ensino que vem por meio de emoções, tende a ser inesquecível, visto o significado que há para o estudante nesse processo. Fico triste quando vejo colegas professores ignorando esse elemento que é base para qualquer aprendizado. Aprendemos melhor quando estamos felizes, por isso, é significativo o uso de memórias afetivas no ensino.
Veja bem!
Se o ensino com emoção faz chegar melhor o conteúdo, as histórias e narrativas das memórias afetivas são perfeitas ferramentas para isso.
Como construir um ensino com memórias afetivas
Parece complicado utilizar memórias afetivas para construir um ensino significativo. Contudo, é mais fácil do que você pensa. Abaixo listo algumas etapas de como proporcionar um aprendizado mais eficaz e prazeroso.
Coletar memórias
O primeiro passo é você coletar as memórias afetivas de seus alunos. Isso pode vir via preenchimento de questionário, desenhos, murais de fotografias ou relatos do passado. Nessa etapa você ajusta a melhor ferramenta para construir um banco de memórias. É preciso prestar atenção no perfil da turma, idade e objetivos que se busca com esse recurso.
Dinâmicas e jogos
Com as memórias em mãos, você pode articulá-las com o seu conteúdo sempre que preciso. Pode-se organizar um jogo da memória em que ao tirar determinada peça / carta referente ao que está ensinando, eles tenham que contar algo, uma memória sobre o assunto. Por exemplo, organize as peças com palavras-chave: Lugar Inesquecível; Casa da vovó; Brinquedo inesquecível; Música e etc.
Se a sua disciplina for Língua Portuguesa e o aluno virar a carta Música, articule com a turma como encontrar palavras com ss ou ç na canção. Isso depois que ele conta a memória com a trilha sonora mencionada. Isso vai gerar empatia, os colegas acabam se conhecendo melhor um ao outro e se diverte por meio de emoções.
Contextualizando com memórias
Outro passo para um ensino significativo é oportunizar que essas memórias apareçam de vez em quando. Em todo início ou meio da aula, organize com algum estudante, uma memória que ele possa contar sobre algo. A partir daí você faz o gancho com os conteúdos. A aula será mais prazerosa porque haverá emoção e narrativas, articuladas como o ensino.
Carta para o passado
Escrever uma carta parece ser algo do passado, mas engana-se quem pensa isso. A escrita é uma forma de transcrever uma emoção e a carta é um gênero interessante para conhecermos as pessoas.
Peça para os seus alunos escreverem uma carta para eles no passado. Faça eles contarem o que diriam, o que valorizariam e que conselhos e dicas poderiam dar. Organize um espaço para isso e permita o autoconhecimento. Isso ajudará a construir um ensino mais significativo.
Você leu nesse blogpost algumas orientações e oportunidades para utilizar as memórias afetivas no processo de ensino e aprendizagem.
Ensinar com memórias é uma metodologia que acredito e defendo, visto o efeito que é provocado nas turmas.
O professor é capaz de transformar a sala de aula em um ambiente significativo de aprendizagem, através de práticas e ações afetivas, dinâmicas e inclusivas. É isso que defendo, é isso em que acredito!