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Todos sabemos, ou pelo menos quase todos, que o verdadeiro aprendizado acontece quando o aluno se “entrega” no processo. Ou seja, quando ele deseja aprender e perceber o quanto o professor está sendo importante para a vida dele. As atividades interativas facilitam esse acesso, visto que são ferramentas de inclusão e participação.
Estamos discutindo o tal “futuro” da educação há décadas. Países mais desenvolvidos já estão à frente do nosso e propiciam atividades interativas no ensino/aprendizado de maneira bastante satisfatória. No Brasil, a desigualdade social e a ausência de formação pedagógica para professores contribuem para esse “desfalque”.
Contudo, fico satisfeito quando vejo professores saírem da sua zona de conforto para proporcionar ferramentas pedagógicas eficazes aos seus alunos. Constantemente acompanho em matérias de jornais, alguns exemplos inspiradores de professores que criaram e desenvolveram algumas ações inovadoras, que permitiram atividades interativas na sala de aula.
Muitas vezes, o desânimo ou a falta de apoio são as principais dificuldades dos professores. Sair da zona de conforto é dizer para si mesmo que você pode ousar, ser criativo e fazer o melhor por você e por seu aluno.
Quando proporcionamos atividades interativas percebemos o quanto transformador pode ser, não só para o estudante, como também para o docente.
Você sabe como proporcionar atividades interativas? Para isso, explico alguns passos para lhe ajudar a construí-las.
Três passos para criação de atividades interativas
1º passo
O primeiro passo é essencial. Você deve estar disposto a planejar e criar ações diferenciadas em sala de aula. Para isso, sair da zona de conforto é necessário. Não tenha medo! Tenha coragem e busque coisas novas. Sempre que procuramos algo diferente para o nosso trabalho, nosso cérebro automaticamente “deseja” ver o resultado disso. Por isso, quando saímos da rotina e deixamos de fazer sempre a mesma coisa, nosso corpo reage de maneira positiva.
Cria o que gosto de chamar de “Expectativa Pré-alcançada”. Ou seja, quando iniciamos uma tarefa que nos faz sair da zona de conforto, desejamos inconscientemente ver o resultado final desse esforço. E isso é ótimo!
Por isso, somos mais felizes e realizados diante de circunstâncias que nos fazem movimentar, em todos os sentidos. Corpo e mente parada são sinais de empobrecimento vital. Viver é mobilidade, locomoção, “queimar” energia e possuir agilidade. Ficar com medo ou com preguiça de agir e elaborar coisas novas e diferenciadas paralisa você e isso não é saudável. Ao contrário, se nos colocarmos diante de situações inovadoras, nosso cérebro reage, a corrente sanguínea acelera e sensações de bem-estar acontecem.
Saia da sua zona de conforto e permita-se criar atividades interativas em sua sala de aula. Esse é o primeiro passo. O segundo, explico a seguir.
2º Passo
Tenha em mente que as atividades interativas na sala de aula são bons recursos para engajar a turma, proporcionar um ambiente mais afetivo e ensinar de forma mais prazerosa. Contudo, avaliar o tipo de dinâmica ou exercício é necessário. Faça um esboço do que pretende fazer para cada conteúdo. Organize suas ideias! Fazer um mapa mental auxilia muito para compreender o processo e conseguir criar atividades diferentes. Articule os seus objetivos e pense nos resultados que deseja alcançar. Outro fator importante é refletir sobre o perfil da turma. Cada turma responde de maneira distinta às atividades que propomos. Elas possuem particularidades que devemos levar em conta ao planejar nossas atividades interativas.
3º Passo
Execute! A execução de uma proposta, quando bem planejada é caminho para o sucesso. Depois que você se permite sair da zona de conforto e avalia seus objetivos com o perfil da turma, é hora de executar as atividades interativas.
Por em prática é o resultado do seu esforço e planejamento. É quase uma defesa de pênalti nos últimos minutos de jogo. Houve muito preparo para isso e chegou o momento de mostrar do que você é capaz.
Aproveitar memórias para desenvolver atividades interativas na sala de aula
Para finalizar esse texto, acredito que um bom caminho para proporcionar atividades interativas na sua sala de aula e sair de sua zona de conforto é aproveitar as potencialidades das memórias afetivas. Tanto as suas, quanto as de seus alunos.
Promover situações em que possam expor suas lembranças, trazer as de seus avós ou até mesmo escreverem o que querem lembrar desse atual momento, pode ser pontos importantes que lhe ajudarão a pensar em suas atividades interativas.
Pense que sempre que aproveitamos nossas memórias, estamos contando histórias. Ao contá-las há um interesse de quem escuta. Vale lembrar que toda narrativa encanta porque nela há emoção. Sempre que trazemos a emoção para os nossos alunos, tudo fica mais envolvente e o aprendizado acontece de forma significativa.
Por isso, defendo que as memórias são excelentes recursos para criarmos atividades interativas. Um ensino hoje não deve ser somente expositivo, defendo que é necessário “tocar” o coração. Só conseguiremos tocá-lo por meio de histórias e sentimentos.
Tenho certeza de que muitas ideias você poderá criar a partir dessa leitura. Se permita isso e pense o quanto transformará o seu trabalho. Quando saímos de nossa zona de conforto, enxergamos melhor o caminho para a realização profissional e pessoal.
Como presente para esse fim de leitura, deixo abaixo um exemplo de jogo da memória personalizado e que você poderá adaptá-lo com o seu conteúdo, pensando no perfil da turma e nos seus objetivos como docente.
Aproveite! Espero que goste!
Como criar um jogo da memória personalizado para atividades interativas
Jogo da memória personalizado.
Todos já brincamos de jogo da memória. Uma dica que dou é aproveitar esse recurso e ousar com a turma por meio dessa interação. Personalize um jogo da memória com a sua turma. Em cartinhas ou outro material que seja possível virar e desvirar, preencha com o que solicita o seu conteúdo. Olhe para os seus objetivos enquanto professor e crie.
Por exemplo:
Se você é um professor de história, coloque nas cartas, datas importantes, locais, acontecimentos e outras informações importantes que complemente sua sala de aula. Aos alunos que acertarem, peça para eles comentarem sobre esses dados, pergunte a percepção deles e articule com a turma.
Outro direcionamento, também, é permitir que os alunos contem suas memórias. Eu, particularmente, gosto muito desse tipo de exercício. Em carta você coloca um objeto, um lugar ou uma situação. Um aluno joga e convida um colega para fazer o mesmo. Quando eles acertarem, ou seja, quando os dois virarem a mesma carta, eles devem falar alguma lembrança sobre o que aparece nela. Essa atividade interativa permite o autoconhecimento, integração e empatia. O professor pode aproveitar e fazer relação do seu conteúdo com as figuras que aparecem no jogo.
Um professor de português insere frases, palavras ou desenhos com ss, sc ou ç, por exemplo. O de geografia pode colocar planícies, planaltos e serras e trazer memórias de seus alunos sobre esses lugares.
Esse tipo de atividade interativa permite ao professor criar algo próprio dele, ser autor do seu material e personalizar sua forma de ensinar.
Com isso, os alunos refletirão melhor sobre o que estão aprendendo porque fará sentido para eles, visto que suas histórias estarão articuladas com a aprendizagem.