Provavelmente, todos vocês já devem ter assistido o filme Náufrago, com o Tom Hanks, certo? A história mostra a difícil e triste vida do único sobrevivente de um acidente aéreo em uma ilha esquecida no meio do pacífico sul. Nele, o protagonista, para sobreviver, transforma uma bola de vôlei no seu companheiro “Wilson”.
É impressionante como o ser humano precisa das relações afetivas para sobreviver. Além das necessidades básicas como moradia, alimentação, educação e segurança, a afetividade torna-se um elemento base para as interações sociais.
O personagem de Tom Hanks, por instinto, vê na bola de vôlei uma possibilidade para trocas afetivas, ao desenhar com o formato de sua mão, traços de um rosto, com olhos arregalados e um sorriso tímido. E ali ele fica, por anos, conversando, abraçando e se relacionando afetivamente com o “Wilson”
O que este exemplo demonstra, por meio da ficção, que o homem não vive sozinho. Até podemos ter o nosso canto, o nosso espaço, mas sempre estamos em relacionamento com os outros. No trabalho, no lazer, no ensino, em família ou com amigos, somos sujeitos afetivos e vivemos por meio de afetos. É o que nos diferencia dos outros animais e das máquinas.
Mas como utilizar a afetividade em nossas relações? Sabendo que é essencial para nossa sobrevivência, o primeiro ponto é aprender com ela. “O homem está afetivamente presente no mudo”, explica David Le Breton, antropólogo Francês e por isso, entender a importância dos afetos em nossas relações é essencial.
Acordamos tristes ou alegres, sentimos saudades ao rever uma foto, nos emocionamos com uma cena de filme e brigamos quando algo nos incomoda. A partir daí, como aproveitar essa avalanche de sentimentos no nosso dia a dia?
Dicas para melhorar a afetividade nas relações
Agora que você já entendeu um pouco da importância da afetividade nas relações, vou lhe ensinar três dicas para utilizá-la da melhor maneira. Vamos lá?
- Permita-se ser afetivo. Ser afetivo não é sempre concordar com o que o outro diz. Há uma diferença em aceitar e orientar. Sempre que alguém aceita tudo o que você diz ou quer, algo está errado. É impossível acertarmos tudo em 24 horas. Não há perfeição, o que existe são realidades e, às vezes, a veracidade nos deixa rude. Ser afetivo é mostrar que você se importa com o outro e que você está ali, para o que for preciso. Isso em nossas relações faz toda a diferença, porque passamos a nos sentir melhor e passamos esse bem-estar aos que estão à nossa volta.
- Seja cúmplice e aproveite o amor. Podemos aproveitar os afetos nas nossas relações para potencializar a confiança e a cumplicidade que podemos ter com as pessoas que vivem, estudam e trabalham conosco. Ser afetivo permite você trazer para perto os seus pares, os seus parceiros, a sua equipe, os seus alunos e até mesmo os seus amigos e familiares. Não queremos ter por perto indivíduos ríspidos, grosseiros, mal humorados, negativos e tóxicos. Vinícius de Moraes já dizia: “Nada melhor para a saúde do que um amor correspondido”. Amor pela sua profissão; amor pelos seus colegas de trabalho; amor pela vida e por o que ela é capaz de lhe dar. Podemos aproveitar este amor que é externalizado por sentimentos afetivos e viver melhor. O mundo já é tão cruel com tanta coisa, podemos amenizar as mazelas aproveitando a afetividade em nosso ambiente familiar, escolar e de trabalho.
- Crie e cocrie com afetos. Quando estabelecemos relações afetivas nas nossas práticas pessoais e profissionais, somos mais propensos a cocriar e repensar nossas atitudes e funções. Isso porque os afetos liberam sensações de prazer e, como consequência, estimulamos mais endorfina, o que provoca bem-estar e felicidade. Criar e cocriar só é possível quando estamos em um ambiente afetivo, por isso a necessidade em aproveitar os afetos em nossos ambientes de trabalho. Vamos produzir mais se tivermos relações afetivas com os colegas, líderes e gestores. Quando isso ocorre, independentemente do nível hierárquico, um acolhimento geral acontece.
Como podem perceber, as relações afetivas podem ser bem utilizadas em nossas relações. Há várias formas de se pensar nos afetos e o que eles podem trazer de positivo. Aproveite que você conheceu um pouco mais sobre eles e aplique no seu dia a dia, no seu trabalho, no seu ambiente familiar. Tenho certeza que você verá o mundo de outra forma e os resultados disso serão perceptíveis.
Não estamos sozinhos no mundo. Desde bebê aprendemos a ser afetivos. Por que não continuar imaginando como uma criança a leveza das relações? Você não precisa criar um “Wilson” para você, olhe para o seu lado, estabeleça elos de confiança, de amor, de afetos e de cocriação. Permita-se ser afetivo e ensine as pessoas a aproveitarem os seus afetos.
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Saiba como colocar em prática a afetividade nas relações humanas e tenha uma convivência, na família e com os amigos, ainda mais verdadeira.